quinta-feira, 12 de março de 2009

Das Glasperlenspiel


"...Vê, esta paisagem de nuvens e pedaços do céu. A um primeiro olhar, poder-se-ia dizer que a profundidade está ali onde é mais escuro, mas imediatamente se pode perceber que esta região escura em primeiro plano são apenas nuvens e que o espaço com as suas profundezas só começa nos bordos e fiordes destas montanhas de nuvens e mergulha no infinito. Aí se situam as estrelas, festivamente e para nós homens os símbolos mais altos da clareza e da ordem. A profundidade do mundo e dos seus mistérios não se encontra onde estão as nuvens e o negrume, a profundidade está no claro e no sereno...Essa profundidade não é nem brincadeira nem vaidade, é o mais alto conhecimento e amor, é toda a realidade, é estar desperto e atento à beira das profundezas e dos abismos, é uma virtude dos santos...é impertubável e tende a crescer com a idade e a proximidade da morte. Ela é o segredo do belo e a mesma substância de toda arte."


Hermann Hesse, O Jogo das Contas de Vidro.


Nenhum comentário:

Postar um comentário